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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Meu singelo tributo




A lógica masculina nunca se coaduna com a feminina, a lógica masculina é curta, a feminina é longa e difícil para o homem entender. Por esta e por muitas outras razões era divertido participar um dia dia do casal Campos. O Pr. Zezinho e D. Rosinha tinham muitas vezes uma forma diferente de ver as coisas, mas sempre chegavam de uma forma doce e compreensiva ao que chamamos de consenso. 

Infelizmente não tive oportunidade participar ativamente de muitos dia a dia da vida deles, mesmo depois de conhecê-los em meados dos anos 80. Minha experiência com os dois se limitou a algumas visitas, muitos encontros, preciosos acampamentos que vivemos juntos, oportunidades preciosas nas assembléias e convivências do nosso distrito, alguns cultos em que nos encontrávamos e trocávamos cordialidades, entrevistas da junta de credenciais e coisas assim. Mas eu procurei aproveitar bem cada uma delas.

Sempre vou me recordar de D. Rosinha como uma mãe de todos os jovens nos acampamentos. Ela sempre esteve disposta a cozinhar para nós enquanto a saúde lhe permitiu. Como eu aproveitei estes momentos! Quantas conversas preciosas que marcaram a minha vida e fortaleceram o meu caráter cristão foram travadas em torno de um fogão ou enquanto eu ajudava a lavar as panelas nas quais foram feitas comidas para mais de cento e cinqüenta jovens nos nossos retiros espirituais.

Duas coisas me impressionavam na D. Rosinha: Quanto amor e quanta sabedoria eram compartilhados a cada encontro. Ela sempre dava um jeito de abençoar mais alguém e pelo menos eu sentia que ela gostava muito de conversar comigo. Quantas coisas preciosas aprendi acerca da Igreja do Nazareno através daquela mulher que tantas histórias tinha pra contar, muitos episódios do início da igreja, relatos do cuidado com os jovens seminaristas de então que formaram a geração dos primeiros pastores, que nós temos a responsabilidade de suceder. Fui influenciado pela dona Rosinha, ela me falou de sua influencia sobre os primeiros pastores e eu mesmo pude testemunhar sua influencia sobre alguns da nova geração que está surgindo. Que coisa preciosa, poder influenciar, (e influenciar bem) pelo menos três gerações de pastores da nossa igreja. Que mulher!

Não tenho como me aventurar profundamente aos conhecimentos teológicos da D. Rosinha, posso apenas garantir que nunca a vi com qualquer desvio de conduta ou de ensino; sua fé era genuína e só aproximava de Deus tanto a ela quanto aos que dela se aproximavam. Ela sempre tinha uma postura de fé e nos ajudava a crermos que tudo se resolveria com a bênção de Deus.

Hoje, nove meses depois que ela nos deixou, meu sentimento é de que eu poderia ter aproveitado um pouco mais do seu convívio. Infelizmente não tenho como remediar isto, mas posso deixar aqui a minha homenagem a esta doce mulher que merece o meu respeito e a mais sincera admiração.
Quanto ao Pr. José Campos eu quero me referir a ele como o Pr. Zezinho, acho que combina mais com o legado que ele deixou. Lembro de ter pedido oração por ele na igreja algum tempo atrás e um irmão vir me perguntar quem era o Pr. José Campos, eu falei que era o pai da Prª Sílvia, e o irmão concluiu com um sorriso de quem matou a charada: - Ah, é o Pr. Zezinho.

O Pr. Zezinho sempre foi pra mim um exemplo de superação; graças a Deus eu pude dizer isto a ele mesmo muitas vezes. Não esperei que ele morresse para que pudesse reconhecer o seu valor. Ele não foi um homem que tivesse muitos recursos ou muitas oportunidades na vida. Mas sempre foi um homem que deu valor ao trabalho. Nunca se deixou vencer por dificuldades; era criativo, gostava de consertar as coisas. Quando eu o conheci, ele tinha uma Caravan, que não sei o ano, mas ele deve ter comprado de D. Pedro II, ele estava sempre com uma ferramenta na mão consertando a “dita cuja”, ainda cheguei a pegar algumas caronas nela (Graças a Deus nunca quebrou comigo). Na época eu tinha oficina e pude socorrer o Pr. Zezinho em algumas oportunidades.

Lembro também do seu trabalho no Cetreino, pude gozar da companhia dele e da D. Rosinha em algumas oportunidades naquele espaço. Aquele também foi um período em que o Pr. Zezinho sempre estava “cavucando” algo, aquilo fazia bem pra ele: aperta, afrouxa, liga, desliga, limpa, conserta. Sempre encontrando espaço para aconselhar um aqui, evangelizar outro ali, orar, estudar, interceder e buscar ao Deus a quem tanto amou.

Foram muitas as oportunidades em que entrevistamos candidatos ao pastorado juntos. Ninguém enganava o Pr. Zezinho com palavras bonitas, ele queria que o candidato falasse com conhecimento; se algum candidato não era claro ou sincero com alguma dificuldade de vida ele aprofundava a questão e logo estava aconselhando mais um. Se alguém precisasse de uma reprimenda mais séria, ela com certeza brotaria da boca do nosso respeitado ancião.

Ele também não era muito dado a murmurações, pelo menos eu nunca o vi murmurando nem aceitando murmurações dos seus. Era um homem simples, os recursos financeiros nunca foram muito abundantes nos seus celeiros; mas certamente era um homem que sabia viver com o que tinha; ninguém o via afundado em dívidas por tentar viver em um padrão de vida alem do que o Senhor lhe permitia. (Faaaaala Jeová).

Quando o “Zezinho” era jovem, satanás certamente pensava que ele seria dele, mas quando aquele homem teve um encontro com o Senhor Jesus, toda a sua vida mudou. Quando ele se tornou “Pr. Zezinho”, satanás mais uma vez achou que pelos poucos recursos não seria muito grande o prejuízo; puro engano, o Pr. Zezinho contribuiu e muito para o avanço do reino através da Igreja do Nazareno, no Nordeste do Brasil. Uma das suas maiores paixões sempre foi pregar o evangelho, fez isto por onde passou. Abriu trabalhos, fundou e pastoreou igrejas, sempre abriu a sua casa para a pregação da palavra de Deus, influenciou pastores, ganhou muitas almas para o reino, foi um homem íntegro, amou sua esposa até o último dia da vida dela, bem como até o último dia da vida dele. Foi um homem que honrou o reino, preservou a família, combateu o bom combate, acabou a carreira com dignidade e guardou a fé. Um exemplo que com certeza vai falar por muitos e muitos anos.

A este casal tão precioso o meu singelo tributo; enquanto aqui estiveram os amei e admirei, agora que partiram lhes dou o melhor da minha honra e da minha sincera gratidão.  Que possamos seguir o exemplo, honrar a memória e dar prosseguimento ao trabalho.

Deus nos abençoe sempre.

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