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sábado, 21 de novembro de 2009

Os sons da madrugada.


Um dia destes estava eu dormindo em plena madrugada, quando por volta das duas e vinte acordei com um breve barulho vindo da rua. Levantei depressa e da janela do quarto do meu filho, do pequeno apartamento no primeiro andar do prédio onde moramos, procurei identificar a causa do tal som da madrugada. Não vi nenhuma causa aparente para o tal som, mas aguardei um pouco, pois eu sabia que havia alguma coisa estranha acontecendo. Não demorou muito e dois rapazes saíram rapidamente de seus esconderijos e em poucos segundos concluíram o roubo de um Fiat uno pertencente ao filho de uma vizinha residente no mesmo andar do nosso prédio. “Porta com porta” como dizem alguns. Não deu tempo para mais nada, enquanto eu comunicava ao meu filho que estava trabalhando ao computador, na sala, antes que pudéssemos tomar qualquer providencia, ouvimos o motor do carro funcionando e vimos o carro desaparecer para nunca mais voltar.

O filho da minha vizinha já recebeu outro carro do seguro e não sofreu tanto com o episódio. Mas eu, muitas vezes fico preocupado com os sons da madrugada. Até mesmo porque o meu carro e os de outros amigos passam a noite na calçada, no mesmo espaço de onde o outro foi roubado, e muitas vezes, exatamente na mesma vaga. Quando ouço os sons da madrugada corro para a janela do meu filho, observo os esconderijos dos pilantras, e procuro por novos esconderijos. preciso desenvolver confiança. Graças a Deus, nunca mais tive o desprazer de testemunhar outros furtos. Mas os sons da madrugada já não passam tão despercebidos.

Uma madrugada destas eu estava acordado, sem sono e resolvi corrigir provas de alunos, pois alem de pastor, como diz o nome do blog; sou professor de um seminário. Normalmente, mesmo depois do episódio do furto do carro, eu ainda durmo bem.
Geralmente no sistema "DVD": Deitar, Virar e Dormir.
Ou, como diz a minha esposa: "DVD-R", ainda tem um "roncar" no final.
Tem dias que não dá tempo nem de deitar. Começo a dormir sentado, assistindo TV, estudando, ou trabalhando.

Hoje, enquanto escrevo este artigo, posso também observar alguns outros sons, pois ainda é madrugada. Eram três e quinze, quando acordei, ouvindo o som de um vizinho chegando à casa. O som do carro alto, postura despreocupada, puxa o freio de mão, desce do carro, abre o portão (vraaaaaaa), volta pro carro, solta o freio de mão, coloca o carro pra dentro, sem preocupação, manobra o carro no quintal, vai pra frente-vai pra trás, puxa o freio de mão, desliga os faróis, desliga o carro, desliga o som (finalmente), fecha o carro, fecha o portão (vraaaaaaa), acabou a preocupação, a minha preocupação.

Volto a dormir, ou melhor, deito procurando não perder o sono. Observo o som do ventilador, poucos minutos mais tarde ouço mais um carro chegando, resolvo não me levantar, ouço vozes baixas mas apressadas, eram pessoas um pouco mais preocupadas chegando ao prédio onde moro, vizinhos, membros de uma grande família que muitas vezes não se conhece, não se entende, não se aquece. Não se vêm muito, até perguntam o nome um do outro, mas depois esquecem. Ouço o portão abrir (tec), fechar (Baaahh); ouço vozes distantes, passos cuidadosos e apressados a subirem as escadas, vão ficando cada vez mais difíceis de ouvir, até que... mais uma vez... são abafados pelo som do ventilador.

Já não é possível lutar contra os sons da madrugada.
Resolvi então levantar, desligar o ventilador, ligar o computador.
Um galo desavisado começa a cantar anunciando o raiar de um novo dia quando o relógio ainda marcava três horas e trinta e sete minutos.
Ouço carros passando na avenida, há pouco mais de duzentos metros do meu lar.
Ouço um avião, poucos minutos depois de decolar;
Ouço um gavião ou uma coruja, que passa a grasnar.
Com um pouco mais de atenção ouço meu filho a despertar.
Ele fala alguma coisa, mas volta a relaxar.
Ouço um barulho estranho, é a minha gata a ronronar.
Mais um barulho estranho, temos também uma cadela, que se levanta pra espreguiçar.

O computador já tinha feito todos os seus sons de inicialização, quando entrei na internet e fui ler a Bíblia.
Somente depois de me alimentar da palavra de Deus, posso trabalhar.
Na avenida, um carro passa a buzinar.
O dia já está raiando, cadê aquele galo? que não canta quando deveria cantar.
Ouço um belo canto, uma verdadeira sinfonia de pássaros alegres na maravilhosa missão de mais um dia saudar.
Cantam por gratidão ao criador, que lhes deu vida, que lhes sustenta, que criou e maravilhosamente controla todas as coisas.
Cantam por tudo isso ou simplesmente pelo imensurável prazer de cantar.
Seja qual for a razão sou privilegiado; deste precioso momento posso participar.

Ouço mais um avião, já são cinco e trinta,
os sons se multiplicam, já não são sons da madrugada.
Já é um novo dia, é o som da alvorada,
ouço vizinhos saindo, para mais uma caminhada,
ouço carros saindo, outros passando em disparada,
continuo a ouvir, a sinfonia da passarada.
Consigo identificar um “Bentevi” com seu canto singular, ouço outro avião, vai ser um dia cheio. As ações e preocupações do dia, começam minha mente a permear; preciso trabalhar.
Mas antes, vamos orar:

Pai, obrigado pelo dom da vida, pela noite de sono, pelos sons da madrugada, por poder ouvir, por conseguir dormir, por poder cantar.
Por ter, em tempos de tanta violência, minha família segura ao meu lado.
Pela minha esposa ter dormido em paz e já ter levantado, por meu filho continuar dormindo depois de uma semana tão intensa de estudo e de ter tanto trabalhado.
Pela minha filha acordar e com a mãe sair pra trabalhar.
Pelo meu genro antes de qualquer coisa me dar bom dia e me beijar.
Sou feliz! Aprecio tantas coisas preciosas, inclusive os sons da madrugada, tenho uma família linda e um Deus a quem amar, honrar, servir e orar. Obrigado por tudo meu Deus, te amo.

DEUS NOS ABENÇOE SEMPRE.

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