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terça-feira, 4 de agosto de 2009

EU PREFIRO NÃO TER RAZÃO.


Segundo a mitologia grega, Procustro (o esticador), também chamado de Damastes, foi um gigante que morava na cidade de Eleusis. Ele convidava os viajantes a pousarem no seu castelo, onde havia uma cama de ferro. Se o convidado era muito grande para a cama, o gigante amputava a cabeça e as pernas do infeliz para retirar o excesso; se a vitima era muito pequena, ele esticava o coitado até atingir as pontas da cama. Ninguém cabia exatamente na cama de Procustro, até mesmo porque ela era ajustável. Segundo a mitologia, Procustro continuou enganando e matando os viajantes até que foi capturado por Teseu, o qual o colocou em sua própria cama e cortou-lhe fora a cabeça e os pés. Matando-o e acabando para sempre com o seu reino de horror... Será???

Infelizmente, tudo indica que procustro ressurgiu das cinzas e continua ainda hoje fazendo os seus estragos. Não da mesma forma que expressa a mitologia, mas através dos seus discípulos que insistem em tornar todos iguais. Em nome da razão reina a intolerância: As pessoas preferem ter razão a serem tolerantes com os seus semelhantes. Preferem ser guiadas pela razão a serem guiadas pelo amor. Preferem ver ruir relacionamentos, a abdicarem de suas sólidas estruturas racionais. Preferem matar e ferir uns aos outros a permitirem a liberdade de expressar paixão pelo time do coração. Preferem assistir ruir tudo à sua volta por conta de uma religião, fria, morta e sem respostas, mas que cabe em sua razão, ao invés de conhecerem ao “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores”, que morreu na cruz pra lhes dar uma nova vida e inundar seus corações com uma paz e alegria que o mundo não conhece nem pode dar.

Eu prefiro não ter razão!
Prefiro não ter razão por um momento, mas esperar o meu cônjuge se tornar acessível para uma conversa onde a solidez do relacionamento é mais importante que a razão de um dos cônjuges.
Prefiro não ter razão, mas aproveitar as oportunidades para mostrar ao meu irmão que ele é mais importante que a minha satisfação pessoal. Prefiro não ter razão, mas ainda assim partir em busca de soluções ao invés de, em nome da razão, instaurar inquérito simplesmente para evidenciar culpados. Prefiro não ter razão, mas estar ao lado daquele que o mundo despreza.
Prefiro gastar meu tempo valorizando mais as pessoas que as minhas posições racionais.
Em nome da razão estamos matando pessoas, destruindo relacionamentos e perdendo o que de mais precioso existe nesta terra: A oportunidade de amar, tocar e influenciar positivamente nossos semelhantes. Pessoas que Deus coloca em nossa vida não para que lhes mostremos que somos bons e que temos razão, mas para que as amemos.

Jesus Cristo, desde o princípio já nos orientava a oferecer a outra face diante de uma ofensa, caminhar mais uma milha com quem nos obriga a ir uma, amar aos nossos inimigos, não trazermos assuntos que já foram resolvidos e perdoados de volta e outras coisas do gênero. Coisas que a nossa razão não entende nem concorda. Mas, quão precioso é andar nos ensinamentos do mestre da Galiléia. O que diz a nossa famigerada razão quanto ao fato de que se Deus espera de nós este tipo de atitude quanto aos nossos inimigos, certamente esperará algo muito mais nobre em relação a quem espera de nós amor, compreensão, motivação ajuda e amparo.

Um dia, quando já não fizer muita diferença se tínhamos ou não razão, aqueles que estiverem à nossa volta (se tivermos alguém à nossa volta), serão beneficiários da nossa herança social. Se lutamos mais pela razão que pelas pessoas, eles farão o mesmo. Se, no entanto, valorizamos mais as pessoas que as coisas, certamente teremos ao nosso lado pessoas que seguirão o nosso exemplo. Pessoas que observaram ao longo dos anos que em muitas coisas nós tivemos razão; mas não lutamos por isso. Porque elas (as pessoas), sempre foram o que havia de mais importante em nossas vidas. Um dia, elas irão também deixar de lado o “ter razão” e seguir aos ensinamentos do mestre da Galiléia.

Não sei se tenho razão em tudo isso, mas isso realmente não importa, o importante é refletir acerca destes conflitos e estar plenamente convicto de que: a despeito do que outros possam pensar esta é uma decisão minha, que diz respeito à minha vida e a de todos aqueles a quem eu possa tocar. Entre ter razão, obrigando cada um a pensar como eu e a caber na minha cama como fazia o famigerado gigante Procustro. Ou ter a oportunidade de ser alguém que está ao lado para amar, influenciar e servir as pessoas a quem eu possa alcançar. Eu ficarei sempre com a segunda opção. Decididamente... Eu prefiro não ter razão.

Deus os abençoe sempre.

Rev. Jademir Barbosa.

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